Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

segunda-feira, maio 30, 2005

Não!

sexta-feira, maio 27, 2005

Gondomar não existe

Depois da exclusão do major Valentim Loureiro das listas oficiais de candidatos às autárquicas, o PSD lá conseguiu escolher um cordeirinho disponível para a inevitável imolação pública: Gonçalves Pereira, um ex-líder da Assembleia Municipal de Gondomar, que teve o apoio prévio de Marques Mendes e que até disse que gostaria de, um dia, poder contar com Valentim Loureiro.
Agora foi a vez do PS. Depois da falsa partida de Ricardo Magalhães, lá convenceu Manuel Martins, líder parlamentar na Assembleia Municipal de Gondomar, a encabeçar a lista rosa.
Entre Gonçalves e Martins sobra nada e Valentim Loureiro, ainda que com a capa de independente, volta a jogar em casa e com todas as cartas do baralho na mão.
Sobram Honório Novo (CDU) e Fernando Semedo (BE), que lutam pelo seu eleitorado natural e na expectativa de conseguirem pescar qualquer coisa que se veja nas hostes socialistas e entre os desiludidos do populismo loureirista.
Após 13 anos de desengano total – basta consultar as estatísticas do INE para se perceber que o concelho se afunda cada vez mais rapidamente do que o país no défice crónico – fica a sensação de que, até para os partidos políticos, Gondomar não existe. Ou será, antes, que quem lá vive não merece melhor sorte?

46664



A campanha 46664 não pára. Depois do concerto de 2003, na Cidade do Cabo, África do Sul, o projecto ruma agora para a Noruega. Nelson Mandela continua a dar a cara pelo maior projecto global de luta contra o HIV/Sida. E nós? O que fazemos?

Onda vai onda vem




Forma-se a onda e depois outra e outra
E enquanto se desfazem outras vêm
O mar é sempre o mesmo e no entanto
Em ondas se divide.
E nelas se une.

O mar somos nós todos
O mundo
Em água condensado.

Onda vai onda vem
A fina areia o mar vai revolvendo.

Desponta ao longe uma restinga.


17 de Outubro de 1977

Antero Abreu, in "Poesia Intermitente" (União dos Escritores Angolanos), 1987

quinta-feira, maio 26, 2005

O Manel aos pulos, "estou aqui!, estou aqui!"

Manuel Monteiro, líder da Nova Democracia disse que os portugueses deviam processar o Estado, pelo “assalto sistemático à bolsa da classe média”, a propósito das medidas de combate ao défice anunciadas na véspera, na Assembleia da República, pelo primeiro-ministro José Sócrates.
Da Direita para a Esquerda, ou vice-versa, é incrível a desfaçatez facilitista com que se sugere comportamentos aos portugueses, como se fossemos todos atrasados mentais.
O caso só não é mais grave porque há muito se percebeu que o que homem quer mesmo é aparecer, sempre nos bicos dos pés, atrás da primeira fila e a gritar aos pulos para os jornalistas, “estou aqui!, estou aqui!”.
Só lhe faltou dizer que esse mega-processo cívico-revolucionário devia ser confiado a José Sá Fernandes...

P.S.: Já agora, porque será que o blogue do Manel não é actualizado desde 18 de Fevereiro?

Concurso de micro-contos Mário-Henrique Leiria

Concurso de micro-contos Mário-Henrique Leiria. 200 palavras no máximo, até final de Maio. Todos ao concurso...

O Moringue

O sol que queima as folhas das palmeiras
e os pés caminhantes sobre a areia
o sol que trás o vento e afasta o peixe
ele não esquentará a água do moringue
Não há sol no canto desta casa
há a sombra dos luandos que fazem as paredes
a areia do chão trás a frescura da terra
os caniços trazem a frescura
que trouxeram das terras de Cabiri

Quando, de andar nas canoas, voltamos do mar
e a garganta vem a arder como se era sal
a água do moringue sabe-nos como nada mais

Nós bebemos nas canecas de esmalte
a nossa pobreza de pescadores


Ilha de Luanda
1960

Henrique Guerra, in "Alguns Poemas" (União dos Escritores Angolanos), 1978

domingo, maio 22, 2005

SLB Glorioso

Campeões!!!

quinta-feira, maio 19, 2005

Tiago Vagaroso da Costa Monteiro

Gosto automóveis, gosto muito de corridas de automóveis. Mas não gosto de ver um português a lutar contra um mar de dificuldades para escapar aos últimos lugares da classificação. Até aqui, pensava que o chassis do Jordan do Tiago Monteiro estava a anos-luz da concorrência, o chassis, o motor, os pneus, os técnicos, a equipa, tudo, mas não, mão avisada mostrou-me que estava errado! O problema todo está mesmo no nome do rapaz... Parabéns ao Correio da Manhã, porque foram eles que o descobriram.

Sítio do não

Eu quero votar “Não” ao tratado da Constituição Europeia e revejo-me em muito do que são as posições do PCP e do BE nessa matéria. Ainda assim, a iniciativa de Pacheco Pereira é louvável. O sítio do não tem tudo o que de bom pode haver no debate político: discussão de pontos de vista.

quarta-feira, maio 18, 2005

Entre Pedras, Palavras

Viver no Interior tem vantagens e desvantagens. Penafiel até nem fica assim tão distante do Porto, mas é uma típica cidade do Interior, com tudo o que de bom e mau se possa imaginar. O site da Câmara não funciona há algum tempo – o que até pode ser considerado uma vantagem, dependendo do ponto de vista... –, comprar um jornal num sábado de manhã é tarefa complicada para um forasteiro, mas há iniciativas estimulantes, como a da prática desportiva ao fim-de-semana no espaço do Estádio 25 de Abril, ou a actividade cultural em que uns carolas vão insistindo.

O Tito Couto é um desses carolas, teimoso, não desiste. Na sexta-feira e no sábado leva à Biblioteca Municipal e ao Bar do Lago dois escritores, Rui Costa e Ondjaki. O mais curioso é que ele é tão carola, tão teimoso, que até o Gabinete de Imprensa da Câmara se vê na obrigação de pôr a circular a informação pelos meios de Comunicação Social!

Boa malha, Tito. Gostei tanto da ironia fina que resolvi afixar-te ali ao lado, na lista dos meus blogues preferidos.

Requiem



Ao lado dos mortos que me chamam de
muito perto,
na clareira do bosque,
deito-me sem querer, sem saber,
e, encostandoo rosto à erva,
digo em voz baixa o meu nome,
a minha morada,
levanto uma palavra, uma prece, uma
lápide,
e parto.

José Agostinho Baptista, in "Anjos caídos" (Assírio & Alvim), 2003.

Ignomínia



Quem virá esta noite, pé ante pé, pela
bruma das florestas,
pelos vales do Mal,
furtivamente, como o caçador maldito,
quem caminha a esta hora,
com este vento,
quem traz o arco,
a flecha mortal,
para as sebes atrás do regato onde vêm
beber os animais do Senhor?
E tu, Senhor,
que fazes aí, no trono dos céus,
se não deténs as armas brancas dos homens,
os sonhos do homicida?
Eu não sei o que faço aqui,
nesta falésia de onde tudo se vê,
o que faço aqui, à espera do sacrifício, à
espera do sangue que tinge os imaculados
campos de algodão.

José Agostinho Baptista, in "Anjos caídos" (Assírio & Alvim), 2003.

Piano Man

A história do pianista amnésico tem todos os condimentos para acabar num filme de Hollywood! A ver num cinema perto de si, dentro de um ou dois anos...

terça-feira, maio 17, 2005

A nau que nos levou não voltará.

A nau que nos levou não voltará.
Quem fomos quem não somos é uma Ilíada
que já nenhum poeta cantará.
E sou talvez o último lusíada
em demanda do porto que não há.

(Inédito de Manuel Alegre, escrito para uma fotografia de Alfredo Cunha)

sexta-feira, maio 13, 2005

Há 30 anos



Longas esperas nos aeroportos. Para partir e à chegada, para poder sair e encarar de novo a vida. Para fugir. Foram dias, meses, de desespero, longos meses de um esforço quase inumano. Aqueles que tinham perdido tudo esperavam que tudo lhes pudesse acontecer, nada estranhavam. Mesmo que, da noite para o dia, a sua dignidade tivesse ficado ferida, e perdidos soubessem sonhos que sabiam sem regresso. A História, que é sempre injusta para alguém, estava em marcha, e ninguém poderia resistir aos seus ventos. Muito para além do que cada cabeça entre centenas de milhar pudesse pensar, sentir ou ter vivido. O abandono de parte das populações das ex-colónias portuguesas começou, num dia como o de hoje, há 30 anos. E dos rostos do sofrimento de então fica a marca da incredulidade, do desespero e da exaustão física.

O JN assinala, hoje, o início de uma fuga com 30 anos de história.

quinta-feira, maio 12, 2005

Moção de censura a Durão Barroso

Nigel Farage, um deputado britânico eurocéptico, propôs uma moção de censura a Durão Barroso por causa das férias milionárias do presidente da Comissão Europeia no iate de Spiro Latsis. O mais certo é que nada de relevante aconteça, mas era inevitável que se pedisse à mulher de César que se parecesse como tal...

Mordida no pénis

"De boca no gol", escreve a "Isto é".
Há éne formas de extravasar a alegria num jogo de futebol, e quem diz alegria pode falar também em tristeza, fúria, ódio, naquelas coisas todas que acontecem sempre em qualquer fenómeno de massas. Mas o exemplo que vem de Espanha é, no mínimo, inédito...

domingo, maio 08, 2005

Up and down

Há dias assim...

sábado, maio 07, 2005

Ripa na rapaqueca

Morreu Jorge Perestrelo.
Acabou-se a ripa na rapaqueca.
Já tenho saudade.

sexta-feira, maio 06, 2005

"Nem tudo começa com um beijo"

Por falar em crocodilos! Um outro crocodilo, aquele que diz que dorme mas não morre, Pedro Sousa Pereira, a que se juntou na aventura dos livros Jorge Araújo, lançam, amanhã à tarde, na FNAC da Rua de Santa Catarina, no Porto, o seu último livro - "Nem tudo começa com um beijo".

Já vi algumas das imagens do livro e posso garantir que têm a leveza e a sugestão do que é belo na simplicidade.

P.S.: não há por aí uma alma caridosa que me ensine a colocar imagens no blogue?

Todos ao Labirinto!

Leonel de Castro, fotojornalista do JN, camarada de Redacção e de aventuras em terra de crocodilos, inaugura, hoje à noite, na Rua Nossa Senhora de Fátima, 334, no Porto, a exposição "Terra de Nome de Santo".

Todos ao Labirinto!

terça-feira, maio 03, 2005

Com Rui Rio, os arrumadores não brincam!

A Câmara Municipal do Porto implementou, praticamente desde o início do mandato de Rui Rio, um polémico plano de retirada das ruas e reinserção social dos arrumadores da cidade, o "Porto Feliz". Ontem, aprovou um regulamento para o exercício da actividade, que prevê, entre outras coisas, o licenciamento dos ditos cujos e, imagine-se!, multas, que variam entre os 60 e os 300 euros!

Por isso, a partir de agora, se, por acaso, estiver na Rua Gonçalo Cristóvão, ou na Praça General Humberto Delgado, ou na Praça da Liberdade, ou na zona da Boavista, já sabe: perto do carro não faça sinais com o braço. E se for à Foz, já agora, evite usar boné. É que pode ser confundido... E com Rui Rio não se brinca!

Liberdade para Ivo Ferreira

Ivo Ferreira está preso no Dubai porque foi apanhado em flagrante a dar umas passas num charro!

Vamos ser solidários?