Mamma Africa
"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos
O que mais preocupa
O exemplo da directora DREN pegou, como era expectável numa sociedade cada vez mais amorfa como a portuguesa.
Duas breves notas a propósito da última crónica de Bettencourt Resendes, antes de assumir a função de provedor dos leitores do DN.
1 – Não é de todo verdade que “a esmagadora maioria da classe passou ao largo do problema” relacionado com a extinção da Caixa de Previdência e de Abono de Família dos Jornalistas. O que se verificou, pelo contrário, é que os aplausos à decisão do Governo vieram precisamente daqueles que com muita facilidade têm acesso a espaços privilegiados nos jornais, i.e., directores e chefes de redacção (curiosamente, os jornalistas que, em Portugal, têm melhor salário)…
2 – Sobre as “situações excepcionais” previstas na lei a que Bettencourt Resendes se refere, vamos chamar os bois pelos nomes! Essas “excepções” reportam-se unicamente aos jornalistas com doenças e/ou com tratamentos do foro oncológico. Como é sabido os jornalistas não são notícia, e os jornais têm levado a máxima ao limite, mesmo que estejamos a falar de cancerosos sem dinheiro nem condições para tratarem das suas enfermidades!
Muito se tem falado, nos últimos dias, do servidor do JN… Pois bem, para os versados em novas tecnologias de informação, aqui fica uma dica, vinda de quem nada percebe dessas coisas, note-se: o IP Address do servidor da Câmara Municipal do Porto é qualquer coisa do tipo 83.240.223.*** …
Para mais informações, e como eu não sou de intrigas, caro internauta, queira fazer o favor de seguir o link.
Com o dinheiro que é de TODOS nós, a Câmara Municipal do Porto (CMP) continua a fazer terrorismo propagandístico.
Anteontem, a CMP resolveu mimosear David Pontes, director-adjunto do “Jornal de Notícias”, com um vídeo de autoria anónima e por ter “participado activamente na manifestação contra Rui Rio à porta do Rivoli”. O delito cometido, pelo que é dado a ver, limita-se ao facto de David Pontes ter estado presente na Praça D. João I e empunhado um “R” desenhado num papel.
O que está aqui em causa, naturalmente, é saber se o exercício da profissão de jornalista limita, ou não, os direitos de cidadania (para além das limitações legais, como é óbvio). Para mim, só há uma resposta, e inequívoca: um jornalista é um cidadão como qualquer outro, não tem mais, nem menos, direitos. E ponto.
Perguntar-se-á, então, se, no exercício de determinadas funções, o cidadão em causa devia, ou não, ter tido uma postura mais recatada? Talvez, digo eu, depende dos casos e, sobretudo, depende do temperamento de cada um. Como é que se pode dizer a um cidadão que também é jornalista para ficar cego, surdo e mudo, pelo único facto de se tratar de um director-adjunto de um jornal, mesmo se à frente dos seus olhos está a ser cometida uma atrocidade? Não sendo as páginas desse mesmo jornal instrumentalizadas pela opinião do cidadão/jornalista/director-adjunto em causa, continuo sem perceber o alcance de tanto incómodo por parte da CMP. Até porque David Pontes não encabeçou manifestação/protesto algum, não! (revejam-se as imagens, por favor). A menos que um cidadão investido em funções de direcção num jornal se transforme, por esse simples e único facto, num eunuco acéfalo e acrítico que só pode opinar sobre futebol (e isto porque sobre Fátima não se opina…).
Mas será que a presença no protesto de quinta-feira passada do cidadão/jornalista obriga, vincula, a instituição JN e quem lá trabalha, já que o cidadão e um dos seus directores-adjuntos são uma e a mesma pessoa? Pela parte que me toca, não, e estou tanto mais à-vontade para o escrever quanto não é menos verdade a minha total e absoluta discordância com textos saídos do computador de David Pontes (e de outros jornalistas com responsabilidades na hierarquia do JN), como um recente, por exemplo, em que defendia a inexistência de uma “clima de medo” nas redacções… Essa questão é uma falácia tão grande como argumentar, por exemplo, que o apaixonado por “dinky toys” cidadão Rui Rio é outro indivíduo que não o presidente da CMP, Dr. Rui Rio, e que todos os trabalhadores da CMP, tal como Rui Rio, Dr. ou não, sempre gostaram de circuitos automóveis e são sócios do Boavista F.C. desde pequeninos!
Neste caso concreto, David Pontes foi honesto e transparente. E por isso o director-adjunto/jornalista/cidadão deve ser aplaudido, não pode ser criticado por tamanha ousadia. Ou será que esse é o preço a pagar pelo atrevimento de ter participado num protesto de cidadania contra uma decisão do poder instalado? É evidente que, daqui para a frente, os seus textos, no JN e no seu blogue, serão esmiuçados até ao tutano, na procura de ligações conspirativas e cabalísticas…
E os resultados dessa pesquisa encontrá-los-ei num site de que também sou accionista…
Fazer títulos todos os dias, no corre-corre dos jornais, não é coisa fácil.
Como diria um camarada (não consigo chamar companheiro aos que, com a mesmas armas que eu, cumprem a sua função social sem que a profissão seja apenas e só um emprego onde se vai ganhar o pão), é caso para alertar a população: o preço da construção vai estar a preço aceitáveis quando houver despedimentos colectivos!