O Moringue
O sol que queima as folhas das palmeiras
e os pés caminhantes sobre a areia
o sol que trás o vento e afasta o peixe
ele não esquentará a água do moringue
Não há sol no canto desta casa
há a sombra dos luandos que fazem as paredes
a areia do chão trás a frescura da terra
os caniços trazem a frescura
que trouxeram das terras de Cabiri
Quando, de andar nas canoas, voltamos do mar
e a garganta vem a arder como se era sal
a água do moringue sabe-nos como nada mais
Nós bebemos nas canecas de esmalte
a nossa pobreza de pescadores
Ilha de Luanda
1960
Henrique Guerra, in "Alguns Poemas" (União dos Escritores Angolanos), 1978
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