Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

sexta-feira, maio 13, 2005

Há 30 anos



Longas esperas nos aeroportos. Para partir e à chegada, para poder sair e encarar de novo a vida. Para fugir. Foram dias, meses, de desespero, longos meses de um esforço quase inumano. Aqueles que tinham perdido tudo esperavam que tudo lhes pudesse acontecer, nada estranhavam. Mesmo que, da noite para o dia, a sua dignidade tivesse ficado ferida, e perdidos soubessem sonhos que sabiam sem regresso. A História, que é sempre injusta para alguém, estava em marcha, e ninguém poderia resistir aos seus ventos. Muito para além do que cada cabeça entre centenas de milhar pudesse pensar, sentir ou ter vivido. O abandono de parte das populações das ex-colónias portuguesas começou, num dia como o de hoje, há 30 anos. E dos rostos do sofrimento de então fica a marca da incredulidade, do desespero e da exaustão física.

O JN assinala, hoje, o início de uma fuga com 30 anos de história.

1 Comentários:

Às 12:08 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

mesmo que o meu olhar seja obtuso pois apenas tinha 11 anos quando apareceram um pouco por todo o lado os "retornados?".
A esta distância, recordo algum reçabiamento e desconfiança, mas recordo, dos amigos que fiz uma actitude positiva perante a vida, bem menos preconceituosa e um olhar de que estava habituado a olhar para longe.Uma alegria sem preconceitos. "Ya meu" durou anos na minha aldeia.
tasbemm

 

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