Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

sábado, março 31, 2007

J. Paulo Coutinho


O João Paulo Coutinho venceu com esta foto a categoria "Natureza" do 7.º Prémio Fotojornalismo Visão/Banco Espírito Santo. Razões de sobre para uma dupla alegria.

Parabéns!

quinta-feira, março 29, 2007

Alegoria do tamanho do mundo

A história ouvi-a um destes dias, contada por um dos seus protagonistas, e vale pelo que em si mesma encerra de alegoria, o que entendo como a alegoria do tamanho do mundo.

No arranque da década de 1970, um jornal destacou uma equipa de reportagem para a zona da Ribeira do Porto. Objectivo: levar a bom termo uma reportagem sobre os sonhos que alimentavam os jovens daquela zona da Invicta. É preciso acrescentar que se estava no início de mais um ano lectivo, o 25 de Abril de 1974 ainda não tinha acontecido e o jovem repórter, de Roland Barthes debaixo do braço, entusiasmava-se com a tese de que era possível fazer literatura através do jornalismo, intervir no Mundo, fazer da sociedade, através da profissão, algo melhor e mais justo para todos.

Sempre a descer até ao Douro, “ caneta” e “bate-chapas” lá foram. Uma das primeiras visões que tiveram – e que encaixava na perfeição nas teses de Barthes – entrou-lhes pelos olhos dentro mal lá chegaram. No paredão de granito junto ao mercado, um miúdo – que, a época, ainda não tinha lugar na escola –, de cócoras, agitava com um pau algo que lhe captara a atenção numa pequena poça de água. O repórter-fotográfico já estava a imaginar a foto impressa a preto e branco, o jovem acocorado, cabisbaixo, enquadrado no cenário do rio indiferente com uma vista parcial do tabuleiro inferior da ponte Luiz I no canto esquerdo. A máquina disparou por diversas vezes e o repórter fez-se ao motivo da reportagem, o miúdo. Sempre de olhos no chão, a mexer e a remexer na poça de água, o miúdo não mudou de posição. De cócoras e concentrado no pau e no que lhe atraía a atenção, fosse lá o que fosse.

O repórter avançou determinado. Mentalmente também já imaginava uma prosa de ligeiras tintas neo-realistas, Barthes a pular nas meninges, e, porque não?, gritar na “azert” a revolta que lhe ia na alma contra as injustiças sociais que o Portugal ainda sem democracia gerava e alimentava. E, sem delongas, disparou: “Olha lá, quando fores grande o que é que queres ser?”

Sempre de olhos no chão, o miúdo não mudou de posição, manteve-se de cócoras e concentrado no pau e no que lhe atraía a atenção. O seu mundo tinha a distância que separava os olhos da poça de água em que remexia. E seguro de si, fulminou:

– Ó meu senhor, vá foder outro!

segunda-feira, março 26, 2007

Que dia triste...

A figura de António Oliveira Salazar, o homem que disse que um povo culto é ingovernável, acaba de ganhar o concurso "Grandes Portugueses" com mais de 40% dos votos (telefonemas…) de 200 e tal mil portugueses.

Voto de protesto? Falta de distanciamento em relação à História Contemporânea? Não sei, não tenho 50 anos, tantos quantos a RTP assinala, mas é profundamente triste ver num passatempo, como repetidamente Maria Elisa teve necessidade de lhe chamar, que a escolha da maioria vai direitinha para o pior que tem…. a História de Portugal!

Ficam-me na memória, porém, duas imagens: uma francamente positiva, a de Aristides Sousa Mendes, homem simples que soube dar Humanidade à função desempenhava no, seguramente, momento mais difícil da sua vida, “conquistando” quase 20% dos “votos”; outra, o alerta de Fernando DaCosta: “Conheço famílias, aqui, em Lisboa, que deixaram de usar gás, porque não podem pagar, e voltaram a utilizar o petróleo que se usava há 40 anos”.

Tudo isto é ainda mais difícil de engolir porque sucede no mesmo dia em que por toda a Europa se assinalou o 50.º aniversário do Tratado de Roma, o tal documento que singelamente pretendia paz, prosperidade e desenvolvimento para o Velho Continente.

Que dia triste... :-(

Vou nanar...

quarta-feira, março 21, 2007

Que tem a prima Vera
para rimar
com Primavera?

O que tem a Primavera
para partilhar a rima
com a prima Vera?

quarta-feira, março 14, 2007

Arte ou blasfémia?

A Virgem a masturbar Jesus, Cristo pedófilo em plena actividade ou Jesus transsexual são alguns dos temas que inspiram as fotos de J.A.M. Montoya publicadas num livro patrocinado pela Junta da Estremadura, Espanha. Diz quem paga o livro que o autor é “um dos representantes da maior trajectória e credibilidade artística dentro e fora dos nossos limites geográficos”.

Independentemente das tricas político-partidárias que o assunto está a motivar, sobretudo entre o PSOE e o PP, aqui ficam algumas imagens polémicas.

Confesso que já as observei uma dúzia de vezes e eu, agnóstico militante, continuo sem saber se devo aplaudir ou ficar chocado. Alguém dá uma ajuda?












terça-feira, março 13, 2007

Os cobardes

Os cobardes não têm palavra, nem escrevem, mandam sempre dizer por terceiros, e assim podem explicar, à posteriori, que o seu pensamento foi desvirtuado. O comportamento dos cobardes tem sempre um selo de garantia: a garantia de que o dito não foi dito, mesmo que todos saibam que foi dito.

quinta-feira, março 08, 2007

Traidora!


E não é que a mocinha da foto se foi envolver com um reles indiano?