Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

quarta-feira, novembro 30, 2005

Nacional-porreirismo

Há quase dez anos, desde que foi constituída, a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista prorroga no último dia o prazo de revalidação dos títulos profissionais dos jornalistas. 2005 não foi excepção.

E porquê? Porque pactuam os próprios jornalistas - através da Comissão da Carteira, que não é constituída, em exclusivo, por profissionais da Comunicação Social - com o pior do porreirismo que grassa pelo país?

terça-feira, novembro 29, 2005

Estas efemérides são muito chatas


“Estas efemérides são muito chatas porque, não tendo nós o dom da ressurreição, caímos não obstante num discurso tão próximo do evangélico que soa a falso” – Fernando Assis Pacheco, sobre o aniversário da morte de Zeca Afonso, no Jornal de Letras, a 25 de Fevereiro de 1992.

Amanhã passa o décimo aniversário da morte do Assis Pacheco. Por isso, nada de discursos evangélicos, mas as saudades do homem, do jornalista e do escritor maior português das últimas décadas do século XX são mais que muitas.

Aqui fica uma pequena homenagem.

Variações sobre um fado

Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis tua ausência.

Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.

Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.

Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
"Que me importa que batam à porta..."
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.

Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
um homem uma mulher juntos pelas formosas
inexplicáveis circunstâncias da vida.

Que me importa, agora que me importas,
que batam, se não és tu, à porta?

in "Cuidar dos Vivos"

Como um relâmpago verde

Nesse ano e mês chamaram de Lisboa
era o pai de meu pai
morrendo velozmente ao telefone
eu ouvia os gritos baterem
nas portas da cristaleira
quis chamar Deus para convencê-lo
a suspender o voo
mas já ia longe para lá de Alfeizerão (1)
espero agora que a monotonia e a chuva
tornem à minha vida
um pouco é de supor mais intrigante

(1) à velocidade soube depois
de 1.500 Mach
como um relâmpago verde

in "Cuidar dos Vivos"

Um duelo a seguir


Há guerras boas! O duelo de ideias Pérez-Reverte "versus" Francisco Umbral vale a pena ser seguido

segunda-feira, novembro 28, 2005

Frio

Está tanto frio que não me apetece nada!

sexta-feira, novembro 25, 2005

"O Ponto"

Faz hoje 23 anos que foi suspensa a publicação do jornal "O Ponto". Há espaços de liberdade que marcam um tempo. Aquele semanário foi um desses redutos. Hoje poucos terão essa memória agradável.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Saudade

Farias hoje 36 anos, se não tivesses partido muito mais cedo do que seria justo. A vida é mesmo assim, temos de nos habituar às suas injustiças, mas sem resignação que a memória e o amor não o permitem. Aí nesse além onde um dia te encontrarei recebe um beijo de parabéns e de muita saudade.

domingo, novembro 20, 2005

Isto é que é um servidor!!!

sábado, novembro 19, 2005

Coisas lindas (1)




Litografia de Joan Miró - "Duas mãos", 1971

quinta-feira, novembro 17, 2005

Coisas simples

Vá ao ginásio pela fresca e aproveite a piscina toda para si, que a turma dos idosos ainda está a equipar-se. Deslize debaixo de água, após um impulso enérgico das pernas contra a parede, venha à tona e respire, deslize outra vez, e assim sucessivamente até à outra extremidade da piscina. De lá para cá, o mesmo. Pelo meio, aprecie os ruídos e os estalidos cavos e profundos das articulações debaixo de água. A vida é feita de coisas simples.

P.S.: Não, eu não vou ao ginásio, primo pela inactividade, a barriga continua crescidinha e o tabaco é a minha dependência...

segunda-feira, novembro 14, 2005

Absolut

quinta-feira, novembro 10, 2005

Previsão do estado do tempo

Folga

Hoje não há revista de imprensa. O "revisteiro" está de folga...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Para o João Paulo

domingo, novembro 06, 2005

Cada cavadela, cada minhoca

Mais depressa do que seria previsível, Rui Rio dá o dito por não dito.
Hoje mesmo, a Rádio Festival passou uma entrevista ao presidente da Câmara do Porto, garantiu por duas vezes que as perguntas não tinham sido previamente combinadas e explicou que, afinal, as regras do "blackout", só se aplicam aos jornais...
Cada cavadela, cada minhoca!

Até que enfim

Até que enfim alguém parece ter percebido o que há de realmente grave na insólita decisão de Rui Rio...

sábado, novembro 05, 2005

Que saudade do "Expresso"...


O "Expresso" não nos seus melhores dias. Que saudade do "Expresso" de outros tempos...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Conselho amigo

Voz amiga aconselha: “Não te metas com o Branquinho!”.
Mas lá que apetece, apetece.
Insisto: porquê?
Resposta pronta: “É tão pequenino que não vale a pena”.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Promessa de Amor

Construirei para ti uma casa terrestre,
feita de pão e luz e música,
onde caibas apenas tu
e não haja espaço para os intrusos

E quando, à noite, nos amarmos,
como se amaram
o primeiro homem e a primeira mulher,
mandarei que repiquem os tambores

– para que saibam todos que voltaram ao mundo o primeiro homem e a primeira mulher.

João Melo

Aníbal João da Silva Melo nasceu em Luanda, em 5 de Setembro de 1955. Jornalista, escritor, publicitário, professor e deputado. Um grande poeta de Angola.

Preciosa

Esta crónica do Manuel António Pina no JN de hoje vale mais que 30 minutos de telejornais...

Cuidado com o ferrão da abelha!

Que ninguém se meta com a abelha, que ela ferra forte...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Um tabuleiro de xadrez?!

A PJ foi a casa de Jorge Coelho à procura de um tabuleiro de xadrez valiosíssimo que o construtor terá oferecido ao homem forte do aparelho socialista.

Sublinhe-se: apesar das semelhanças formais, o quadrado de Manuel Alegre tem nada a ver com as buscas da PJ!

Cuál es el miedo a tener un blog?

O verdadeiro motivo é o pavor da liberdade de expressão...

A ler aqui.

Crise? Qual crise?


Uma amiga faz-me chegar esta imagem. E com ela (a imagem...) penso: porque será que eu nunca arranjei um emprego destes?

terça-feira, novembro 01, 2005

O terramoto de 2005

Quando eu era pequeno, aprendi nos bancos da escola que o terramoto de 1755 foi o mais importante desastre natural da história de Portugal. Que ao terramoto se seguiu um maremoto que arrasou a cidade de Lisboa e ceifou milhares de vidas.

Duzentos e cinquenta anos depois, tudo quanto é jornal, revista, rádio e televisão assinalou a data. Tem sido uma “overdose” informativa de tal grandeza que já nem os próprios lisboetas devem suportar tantas e tantas páginas e páginas de abundante reconstituição.

Mas com a reconstituição do terramoto tive de parar e pensar para, também eu, não ser engolido pela torrente verbal. É que, aprendi-o agora, o que aconteceu em Lisboa, em 1755, foi um terramoto seguido de um tsunami!

Quando um gabinete de comunicação define o que é, ou não, "interesse público"


Na sequência de uma entrevista concedida ao JN – em que o jornal terá extrapolado as suas palavras na manchete da edição do dia – o senhor presidente da Câmara Municipal do Porto decidiu impor restrições ao seu próprio contacto com a Comunicação Social, o dele e dos seus vereadores.

A partir de agora, disse o sr. dr. Rui Rio, a Câmara restringe “o seu relacionamento com os media exclusivamente às matérias de inegável interesse público e evitar todas as que visem objectivos de interesse privado, corporativo ou editorial, designadamente as que apenas procurem a especulação”.

Quanto à definição do que é ou não “interesse público” fica, de ora em diante, sujeita à prévia apreciação do Gabinete de Comunicação da Câmara.

Por outras palavras, a desconfiança do sr. dr. Rui Rio é total – o que até faz muito pouco sentido em democracia – e, agora, será ele, sempre ele, a determinar o que é notícia. Alguns pensarão que o ideal, a partir de agora, era mesmo que a Comunicação Social o ignorasse olimpicamente, mas isso, se calhar, abriria caminho a uma série de coisas que nem convém falar. Como, por exemplo, a construção de “um qualquer pormenor, um remate” no Parque da Cidade... Tanto mais que, como o próprio confessa “neste mandato tenho condições para tentar uma solução”.