"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos
Com o dinheiro que é de TODOS nós, a Câmara Municipal do Porto (CMP) continua a fazer terrorismo propagandístico.
Anteontem, a CMP resolveu mimosear David Pontes, director-adjunto do “Jornal de Notícias”, com um vídeo de autoria anónima e por ter “participado activamente na manifestação contra Rui Rio à porta do Rivoli”. O delito cometido, pelo que é dado a ver, limita-se ao facto de David Pontes ter estado presente na Praça D. João I e empunhado um “R” desenhado num papel.
O que está aqui em causa, naturalmente, é saber se o exercício da profissão de jornalista limita, ou não, os direitos de cidadania (para além das limitações legais, como é óbvio). Para mim, só há uma resposta, e inequívoca: um jornalista é um cidadão como qualquer outro, não tem mais, nem menos, direitos. E ponto.
Perguntar-se-á, então, se, no exercício de determinadas funções, o cidadão em causa devia, ou não, ter tido uma postura mais recatada? Talvez, digo eu, depende dos casos e, sobretudo, depende do temperamento de cada um. Como é que se pode dizer a um cidadão que também é jornalista para ficar cego, surdo e mudo, pelo único facto de se tratar de um director-adjunto de um jornal, mesmo se à frente dos seus olhos está a ser cometida uma atrocidade? Não sendo as páginas desse mesmo jornal instrumentalizadas pela opinião do cidadão/jornalista/director-adjunto em causa, continuo sem perceber o alcance de tanto incómodo por parte da CMP. Até porque David Pontes não encabeçou manifestação/protesto algum, não! (revejam-se as imagens, por favor). A menos que um cidadão investido em funções de direcção num jornal se transforme, por esse simples e único facto, num eunuco acéfalo e acrítico que só pode opinar sobre futebol (e isto porque sobre Fátima não se opina…).
Mas será que a presença no protesto de quinta-feira passada do cidadão/jornalista obriga, vincula, a instituição JN e quem lá trabalha, já que o cidadão e um dos seus directores-adjuntos são uma e a mesma pessoa? Pela parte que me toca, não, e estou tanto mais à-vontade para o escrever quanto não é menos verdade a minha total e absoluta discordância com textos saídos do computador de David Pontes (e de outros jornalistas com responsabilidades na hierarquia do JN), como um recente, por exemplo, em que defendia a inexistência de uma “clima de medo” nas redacções… Essa questão é uma falácia tão grande como argumentar, por exemplo, que o apaixonado por “dinky toys” cidadão Rui Rio é outro indivíduo que não o presidente da CMP, Dr. Rui Rio, e que todos os trabalhadores da CMP, tal como Rui Rio, Dr. ou não, sempre gostaram de circuitos automóveis e são sócios do Boavista F.C. desde pequeninos!
Neste caso concreto, David Pontes foi honesto e transparente. E por isso o director-adjunto/jornalista/cidadão deve ser aplaudido, não pode ser criticado por tamanha ousadia. Ou será que esse é o preço a pagar pelo atrevimento de ter participado num protesto de cidadania contra uma decisão do poder instalado? É evidente que, daqui para a frente, os seus textos, no JN e no seu blogue, serão esmiuçados até ao tutano, na procura de ligações conspirativas e cabalísticas…
E os resultados dessa pesquisa encontrá-los-ei num site de que também sou accionista…
publicada por Viagem pelas ruas da amargura @ 6:16 da tarde
Concordo com a tua reflexão e apoio o David Pontes que, no meu entender, ali se apresentou como cidadão. Não tinha certamente o logo do JN estampado na testa, nem siglas a identificar o cargo ou profissão ou medalhas de honra ao pendurão. Por isso só quem o conhecia saberia de quem se tratava. Portanto, a CMP agiu com má fé.Às tantas até havia mais jornalistas pelo meio e ninguém sabe.
Havia sim, S, mais jornalistas pelo meio, mas esses foram ignorados pela CMP. Porque será? Aliás, espero que esses jornalistas tão desprezados pela CMP manifestem a sua indignação...
A paródia ao autoritarismo do Rui Rio já está nos blogues:http://oqueridolider.blogspot.comToca a divulgar e a participar!
Poucos são os que dizem que se é jornalistas 24 horas por dia. A esmagadora maioria só o é sete ou oito horas por dia. Fora desse horário, passam – dizem – a ser cidadãos comuns. Esse horário é, contudo, um pouco elástico consoante as necessidades pessoais. Se se for multado dá um certo jeito dizer que se é jornalista e não apenas um cidadão comum. Por outras palavras, sempre que for conveniente é-se jornalista. Mas só quando for conveniente. Em que posição escrevo isto? Depende. Se me der jeito é como jornalista, se não der é como cidadão…
Que grande confusão, camarada/companheiro/amigo de luta OC!Vamos por partes. 24 horas somos, antes de tudo o mais, cidadãos, quer se goste ou não; só depois de sermos cidadãos é que podemos ser, cumulativamente, jornalistas, padres, operários da construção civil, médicos, etc., etc.. Quando acordo, pela manhã, sou o mesmo cidadão ensonado e rezingão que o vizinho do lado, não sou jornalista... Se escrever um poema, garanto que é o cidadão que o redige, não o jornalista... E, por fim, garanto que sempre que votei, em todos os actos eleitorais em que participei, fi-lo enquanto cidadão... Se calhar, pelo facto de ser jornalista devia ter abdicado dos meus direitos... Será isso? Não concordo!O conceito "elástico" a que te referes não o entendo, nem NUNCA o exerci. Por outras palavras: nunca me apresentei como sendo jornalista à excepção das situações em que se aplicava a condição profissional; nunca fui ao futebol, ao cinema, NUNCA safei uma multa de trânsito invocando a profissão. De resto, no momento em que um agente diligente passava o respectivo convite para o "baile da Polícia", até ouvi dizer um "então pode pagar" depois de me ter perguntado a profissão... Não sou jornalista por conveniência, esta é a minha ocupação profissional por opção. Para quem não sabe, ter-me-ia sido muito mais fácil manter-me numa Repartição de Finanças a receber declarações disto-e-daquilo, a comodidade era tanto maior que hoje folgaria de prazer e gozo, no final de cada mês , com o que o Estado depositaria na minha conta bancária...Por fim. O comentário não é do jornalista. É MESMO do cidadão, tal como o blogue...
Independentemente de tudo o mais, querem saber o que era realmente MUITO GRAVE? Era se David Pontes não soubesse que tem o DIREITO de participar num protesto, seja ele qual for. E tem esse DIREITO desde 1974...
Caramba! Nunca tirei desse tipo de "partidos" devido à profissão. As poucas (felizmente) multas que recebi, puxei da carteira. Não sou mais do que os outros.Quanto à cultura, continuo a achar que os jornalistas - porque há muitos que são muito mal pagos - deveriam ter acesso livre ou descontos sérios (teatro, cinema, exposições, etc.). É que a cultura, faz parte da profissão.
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7 Comentários:
Concordo com a tua reflexão e apoio o David Pontes que, no meu entender, ali se apresentou como cidadão. Não tinha certamente o logo do JN estampado na testa, nem siglas a identificar o cargo ou profissão ou medalhas de honra ao pendurão. Por isso só quem o conhecia saberia de quem se tratava. Portanto, a CMP agiu com má fé.
Às tantas até havia mais jornalistas pelo meio e ninguém sabe.
Havia sim, S, mais jornalistas pelo meio, mas esses foram ignorados pela CMP. Porque será? Aliás, espero que esses jornalistas tão desprezados pela CMP manifestem a sua indignação...
A paródia ao autoritarismo do Rui Rio já está nos blogues:
http://oqueridolider.blogspot.com
Toca a divulgar e a participar!
Poucos são os que dizem que se é jornalistas 24 horas por dia. A esmagadora maioria só o é sete ou oito horas por dia. Fora desse horário, passam – dizem – a ser cidadãos comuns. Esse horário é, contudo, um pouco elástico consoante as necessidades pessoais. Se se for multado dá um certo jeito dizer que se é jornalista e não apenas um cidadão comum. Por outras palavras, sempre que for conveniente é-se jornalista. Mas só quando for conveniente. Em que posição escrevo isto? Depende. Se me der jeito é como jornalista, se não der é como cidadão…
Que grande confusão, camarada/companheiro/amigo de luta OC!
Vamos por partes. 24 horas somos, antes de tudo o mais, cidadãos, quer se goste ou não; só depois de sermos cidadãos é que podemos ser, cumulativamente, jornalistas, padres, operários da construção civil, médicos, etc., etc.. Quando acordo, pela manhã, sou o mesmo cidadão ensonado e rezingão que o vizinho do lado, não sou jornalista... Se escrever um poema, garanto que é o cidadão que o redige, não o jornalista... E, por fim, garanto que sempre que votei, em todos os actos eleitorais em que participei, fi-lo enquanto cidadão... Se calhar, pelo facto de ser jornalista devia ter abdicado dos meus direitos... Será isso? Não concordo!
O conceito "elástico" a que te referes não o entendo, nem NUNCA o exerci. Por outras palavras: nunca me apresentei como sendo jornalista à excepção das situações em que se aplicava a condição profissional; nunca fui ao futebol, ao cinema, NUNCA safei uma multa de trânsito invocando a profissão. De resto, no momento em que um agente diligente passava o respectivo convite para o "baile da Polícia", até ouvi dizer um "então pode pagar" depois de me ter perguntado a profissão... Não sou jornalista por conveniência, esta é a minha ocupação profissional por opção. Para quem não sabe, ter-me-ia sido muito mais fácil manter-me numa Repartição de Finanças a receber declarações disto-e-daquilo, a comodidade era tanto maior que hoje folgaria de prazer e gozo, no final de cada mês , com o que o Estado depositaria na minha conta bancária...
Por fim. O comentário não é do jornalista. É MESMO do cidadão, tal como o blogue...
Independentemente de tudo o mais, querem saber o que era realmente MUITO GRAVE? Era se David Pontes não soubesse que tem o DIREITO de participar num protesto, seja ele qual for. E tem esse DIREITO desde 1974...
Caramba! Nunca tirei desse tipo de "partidos" devido à profissão. As poucas (felizmente) multas que recebi, puxei da carteira. Não sou mais do que os outros.
Quanto à cultura, continuo a achar que os jornalistas - porque há muitos que são muito mal pagos - deveriam ter acesso livre ou descontos sérios (teatro, cinema, exposições, etc.). É que a cultura, faz parte da profissão.
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