Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

segunda-feira, julho 17, 2006

Quando se trata de Israel


Francisco José Viegas, recentemente galardoado com o Grande Prémio do Romance e Novela de 2006, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, pelo romance "Longe de Manaus", director da Casa Fernando Pessoa, reputado autor do blogue Aviz e, mais tarde, A Origem das Espécies, escreve no JN de hoje um texto de opinião execrável. Sem valor intelectual, puro sectarismo político. Assim sendo resolvi parodiá-lo. Sem ofensa, mas com capacidade crítica suficiente para o senhor deixar de pensar tanto no seu próprio umbigo. É feio, digo eu.


Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de defender Israel, a tarefa está facilitada em larga escala. Um contingente de meninas idiotas e genericamente ignorantes, muitas das quais assina peças de “internacional nas nossas televisões, rádios, jornais e revistas, não se tem cansado de falar na “agressão terrorista” e apenas por pudor, acredito, não tem valorizado os “heróis judeus”. Infelizmente, nem a soberba paga imposto nem o seu atrevimento é punido.

Isolados desde 1947, quando as Nações Unidas decidiram pela criação de dois estados na região (um israelita, outro árabe), os árabes não enfrentam apenas a provocação deliberada e sistemática de Israel. Essa arrogância tem sido permanente e é ela a razão de não existir na região um estado palestiniano livre e democrático - não o quis, primeiro, Israel, que atraiu os estados árabes da região a uma invasão tida como epidérmica; quiseram-no, sempre, os estados que tutelaram os actuais territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia; quiseram, sempre, todo o conjunto de organizações nascidas à sombra da OLP e da figura tutelar de Yasser Arafat, a quem cabem historicamente responsabilidades directas na construção de um estado palestiniano.

Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de defender Israel, a tarefa está facilitada - os caminhos abrem-se para o lugar-comum, como se vê pelas declarações, tiradas a papel químico, de Bush e de Merkel, esses dois superlativos génios da política externa interna. Não passou pelas suas cabeças, uma única vez, pedir responsabilidades a Israel pelos motivos que levaram a esta reacção do Hezbollah. Para ambos é, pois, normal que o Estado de Israel possa alimentar uma paranóia securitária, que actua em guerra permanente com o mundo árabe; é também normal que um estado da região, Israel, possa decidir, unilateralmente, e sempre militarmente, as suas fronteiras, com a cobertura dos omnipresentes Estados Unidos da América, visando a atacar estados soberanos - que, além do mais, tiveram processos livres e democráticos fortemente apoiados pela comunidade internacional, Estados Unidos incluídos; e é para eles normal que Israel, além de abastecer organizações militares terroristas ultra-secretras, ou não, se regozijem abertamente com a matança consciente e deliberada de civis e das suas infra-estruturas.

A preocupação destes diplomatas da recessão é, fundamentalmente, com a "reacção o mundo árabe"; em seu entender, a reacção ideal do mundo árabe seria o silêncio total; Líbano, Síria e Irão deveriam conformar-se com o seu destino e permanecer como o suposto albergue de todo o terrorismo da região, pacientemente alimentado, aliás, pelos europeus e norte-mericanos que continuam a manifestar "ampla compreensão" pela atitude da causa judaica e pelos que disparam bombas de fósforo e de vácuo sobre aldeias no Sul do Líbano ou prédios em Beirute; Líbano, Síria, Irão e Egipto deveriam, pura e simplesmente, acatar.

Evidentemente que nenhum desses cavalheiros pensou pedir a Olmert, vencedor nas eleições em Israel com um plano de paz, eventuais responsabilidades na escalada de violência na região. É para eles natural que o Governo de Olmert não reconheça o estado da Palestina e esteja a alimentar, com toda a clareza, as acções militares que continuam, naquele folclore infantil de danças fanáticas e gritos no muro de Jerusalém, a pedir a eliminação dos estados árabes e a vinda de “dinheirinho americano” para destruir o direito à independência do povo palestiniano. Esse folclore imbecil, sim, talvez os devesse preocupar, ele é também pago com contribuições da União Europeia, dos Estados Unidos e do seu politicamente correcto.

3 Comentários:

Às 7:46 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Não faz diferença alguma substituir " Israel" por "Palestina", porque vai dar tudo ao mesmo!!!
E nem o senhor Viegas conseguirá convencer alguém, porque culpados há muitos embora "bem menos" do que os inocentes que dariam tudo por uma "açordinha de alho"e uma noite de paz.

 
Às 12:25 da manhã , Blogger jpcoutinho disse...

o amor é f..., como dizia o MEC.e se há o sg liht, a Margarida Rebelo Light, minitros light, é natural que haja produtores de conteúdos light,(romances,opiniões e outras coisas que tais).
Mas esta merda existe? Só para os preocupados com os conteúdos.
Quem não sabe ser jornalista por falta de jeito ou capacidade intelectual, fala em conteúdos. No fundo eles sabem que amanhã morrem no esquecimento.

 
Às 2:33 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Por acaso, há muito tempo que não lia alguém que se recusou ser mediatizado/envenenado/brainwashed no que toca a Israel e os seus vizinhos, tal como FJV demonstrou neste artigo. Estranhei, realmente, num jornal tão obtuso e limitado das ideias, alguém conseguir escrever uma peça inteligente. Deixem de ser carneiros.

 

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