Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

sábado, junho 03, 2006

Verdade de La Palisse


Último parágrafo da crónica de Miguel Sousa Tavares no “Expresso” de hoje (aqui reproduzido por não ser assinante):

“Ao contrário da maioria das opiniões, não penso que os actuais males de que padece a nossa informação tenham que ver com maus jornalistas. Essa parece-me uma acusação demasiado fácil para ser deixada no ar, sem sequer se tentar perceber as razões que impedem o bom jornalismo. E estas, a meu ver, são, essencialmente, duas: as dificuldades crescentes no acesso à informação e a debilidade económica das redacções para fazerem, já não digo um jornalismo de investigação, mas ao menos um jornalismo de rigor. Estamos a cada vez mais reduzidos a um “jornalismo sentado”, à espera do toque do telefone ou da denúncia de fontes não identificáveis. E feita por uma nova geração de jornalistas miseravelmente paga, mal ensinada e mal treinada, sem condições sérias de trabalho e sem nenhuma motivação para cumprirem o sonho, a vocação e o sentido de missão que os levou a quererem ser jornalistas. É uma profissão nobre, que o ar dos tempos vai aos poucos reduzindo a um estatuto de desilusão e impotência. Mas disso, quem quer saber?”

1 Comentários:

Às 3:48 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Este é o jornalismo que interessa aos poderes vigentes e cada vez mais abrangentes: o económico e o político! E, curiosamente, é preciso ter poder, amigos ou influências entre esses dois poderes, onde estão as pessoas que detêm as empresas que têm posse sobre os Órgãos de Comunicação Social...
E é evidente que um jornalistas mal pagos, com família e casa para pagar, têm de pensar duas vezes antes de "cumprirem o sonho, a vocação e o sentido de missão que os levou a quererem ser jornalistas", Daqui resultará mais mau jornalismo, o que interessa a quem manda e ao poder (económico) que manda nos mandantes: sendo mau, o jornalismo pouca mossa fará; se de entre a mediocridade alguém se erguer, logo o rótulo generalista de "mais um exemplo do mau jornalismo" lhe cairá em cima, ficando assim, tão simples, ilibados aqueles que eventualmente poderiam ser perturbados se o jornalismo tivesse as condições de que fala o MST para ser melhor.

Kopo.

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial