Poema distante
Ó praia de luz morena
de recorte sensual,
eu vou soprar minha avena
de inspiração tropical.
Em toda a areia eu descubro,
nas águas e nos palmares,
vestígios do sol ao rubro
disseminados nos ares.
E a minha mágoa, esta pena
que chora,
tornou-se então mais morena
que outrora!
Onda atlântica da praia,
a minha flauta modula
a tua voz desmaia
como o capim quando ondula...
E eu não sei se a claridade
que muito ao longe se esgarça,
é nuvem na imensidade
ou asa de qualquer garça...
E a minha pena, esta mágoa
flutua
como flutua na água
a lua.
Lília da Fonseca, in "Antologia de Poesias Angolanas", 1957.
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