Mestre do vazio, do nada
Cavaco Silva definiu, hoje, os “cinco grandes desafios” do seu mandato, na cerimónia de posse como presidente da República.
O senhor Aníbal sabe o que diz, nada é por acaso, cultiva a encenação de rigor, nem sequer escapa a ementa de luxo (não, o adjectivo não é meu!) do seu banquete inaugural. E é, cada vez mais, um mestre do vazio, do nada.
Os ditos “desafios” primam, infelizmente para Portugal, pela ausência total de ideias. Como se temia, não há palavras de inovação, incentivo ou empenho, é uma mão cheia de coisa nenhuma.
1. – Criação de condições para um crescimento mais forte da economia portuguesa, para combater o desemprego e recuperar os atrasos face à União Europeia – ora aí está uma coisa de que nunca tinha ouvido falar!
2. – Recuperação dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos – ora aí está mais uma ideia inovadora, também aqui nunca, ninguém, se tinha lembrado desta, nem mesmo o próprio Cavaco Silva, nos tempos “gordos” dos subsídios europeus para a formação profissional.
3. – “Criação de condições para o reforço da credibilidade e eficiência do sistema de justiça” – Mais uma! Só sobre a crise da justiça, nos últimos dez anos, o Presidente Jorge Sampaio fez alguns 53.827 discursos pedagógicos sobre a matéria.
4. – “Assegurar no futuro o pagamento das pensões” – Mas não foi o primeiro-ministro Cavaco Silva que inaugurou aquela figura de estilo dos manuais das leis do trabalho a que se chama de pré-reforma, vulgo despedimento com direito a indemnização? E está, agora, preocupado com as consequências no sistema de Segurança Social? Será que me escapou alguma coisa?
5. – Credibilização do sistema político e um “Estado ao serviço de todos” – Finalmente, uma ideia inovadora...
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