Viagem pelas ruas da amargura

"As viagens devem ser um instrumento à procura do fantástico,nunca o suporte de uma devoção complacente" - Baptista-Bastos

sexta-feira, abril 29, 2005

“Passa para aqui o telemóvel ou chino-te todo!”

O meu filho mais velho, o Gonçalo, e um colega de turma, vizinho e amigo, o Raimundo, foram assaltados ao fim da manhã de hoje. A uns 200, 300 metros da escola, quando iam para casa, numa das mais movimentadas ruas do Grande Porto. O método não foi além do clássico navalha no pescoço e “passa para aqui o telemóvel ou chino-te todo!”. E, de uma assentada, foram dois...

Estamos todos fartos de ler coisas semelhantes nos jornais, alguns, como eu, até já nem têm paciência para parar os olhos nesse noticiário, mesmo depois de terem vivido experiências do género. Sim, porque também eu já fui assaltado...

Imagino o susto que os miúdos apanharam – ainda mais o Raimundo, aflito com a asma com que teve de se habituar a viver –, os minutos de pânico com o frio da lâmina encostado à carne, o medo a paralisar-lhes os músculos e o raciocínio, as imagens dos filmes de acção, de ataque e de defesa, ainda mais rápidas que as do “Matrix”.

A sensação de impotência é forte, demasiado forte, face a esta pequena delinquência que rasteira o dia-a-dia tranquilo a uns quantos putos por causa de uma simples dose para a veia. O horror pela situação é grande. Mas agora, passadas umas quantas horas, só posso sorrir, porque tudo acabou bem: os miúdos reagiram da única forma possível para se defenderem – “okay, leva lá esta porcaria e larga-me mas é o pescoço”!

Desculpem a emoção do textinho para consumo caseiro, mas quem tem filhos tem destas coisas!

E, mais logo, claro está!, lá vou eu tentar comprar dois telemóveis em segunda mão...

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