E a manada com a voz cada vez mais calada
Revoltam-me algumas informações dos últimos dias – informações?, imposições unilaterais!. Invocam-se mentiras, é como baralhar e dar de novo, discrimina-se com livre arbítrio, e manda quem pode como quer e lhe apetece. É como um jogo de futebol que tem, antes de começar, o resultado combinado: de um lado está a equipa vencedora e o árbitro, do outro quem perde, sempre os mesmos, cada vez mais cheios de medo, acocorados e acobardados, cada um a suspirar para que não chegue, ainda, a sua vez…
Merda! – digo eu. Merda! Merda! Merda! – ecoa na minha cabeça.
E, de repente, uma canção de Zeca Afonso, “Os Vampiros”, alerta-me para os novos tempos que aí vêm, mais rápidos, mais vorazes, mais desumanos, menos solidários, e os perdedores, os da manada, com a voz cada vez mais calada.
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
1 Comentários:
È verdade camarada….
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
Mas…
Enquanto há força
Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também
Levanta o braço
Faz dele uma barra
Que venha a brisa
Lavar-nos a cara
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também
Ou…
“Trova do Vento que Passa”
… E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Abraço
Resistir é necessário!
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